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Becoming
Michelle Obama
A autobiografia da ex-primeira dama dos E.U.A relata mais do que uma história pessoal. Sendo uma criança, jovem e depois mulher negra nascida nos anos 1960 em Chicago, oriunda de uma família de classe média baixa, muitos episódios das primeiras fases da sua vida entretecem-se num contexto de racismo ou desigualdade. A decadência do bairro onde vive, a sua obstinação na escola, a doença do pai ou a profunda ligação ao irmão são alguns dos primeiros tópicos. Depois a chegada à faculdade, as grandes amizades, o início da carreira profissional, a relação com Barack Obama. E por aí fora...Esta autobiografia tem, por si só, o interesse histórico de destacar momentos e episódios sociais e políticos do início do século XXI nos E.U.A. Acresce-lhe uma simplicidade e linearidade narrativa que torna a leitura escorreita e acessível. A escolha de momentos paradigmáticos que servem de exemplo para o quotidiano ou para justificar valores e emoções são determinantes para um tom de proximidade e verosimilhança. Faltará, contudo, um sentido crítico mais profundo e premente em relação a essa história, nomeadamente a mais recente, o que se compreende num quadro muito marcado por um jogo de imagem pública e política do casal Obama no pós mandato e, inclusivamente, na incógnita que pode ser o futuro da autora. Significa então que esta biografia vale pelo acesso ao seu histórico e à tessitura social de tensão racial que está muito longe de ser uma questão menor ou localizada nos E.U.A.. Do ponto de vista histórico e sociológico o livro é uma introdução feliz, acessível e, a espaços, entusiasmante. Palavras-chave:
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