|
Título: Em queda livre Autor: William Golding Ilustrador: ----- Editor: Dom Quixote
|
Da infância à captura pelos nazis, o narrador procura, através da (re)construção da memória, dar sentido ao profundo trauma do cativeiro. A culpa, a liberdade e a fraqueza são a trindade que o perturba profundamente e à qual precisa de dar um sentido. Esta descoberta o leitor não a faz de imediato. Apenas segue o curso da vida pobre de Sam, passando pelas amizades iniciáticas ao primeiro amor e ainda à descoberta de um talento que lhe dará um sucesso interrompido pela Guerra. Assim, o que poderia ter sido um caminho feliz e realizado transforma-se num dramático peso interior. Todavia, seja pelo efeito da própria memória, seja pelo desenrolar da sua vida na infância e juventude, o sentido dramático fortemente ampliado pela experiência da captura e tortura nazi parece pairar desde sempre, como uma espécie de fatalidade. A qualidade literária do romance verifica-se desde o início da narrativa: o imbricado pensamento do narrador começa a fazer sentido à medida que a sua voz desvenda a sua biografia. À cronologia sequencial acrescem vazios de tempo que, ou não se mostram relevantes, ou serão evocados em comentários e argumentações paralelas. A riqueza descritiva, nunca exaustiva, confere ao texto uma componente visual e sensorial coerente com a dimensão complexa do narrador protagonista. Não sendo uma leitura das mais acessíveis, é uma obra a degustar.
Palavras-chave:
Memória, drama existencial, 2ª Guerra Mundial, amor, identidade
Se gostaste, experimenta...
O Deus das Moscas, William Golding, Dom Quixote
Se isto é um homem, Primo Levi, Dom Quixote
Caligrafia dos sonhos, Juan Marsé