“É possível que andem pela nossa galáxia naves de outros planetas a enfrentar destemidamente o espaço cósmico. Quando as imagino, não se parecem nada com as naves espaciais dos nossos filmes. Nas minhas fantasias são mais … biológicas. Não algo construído recentemente em resultado de uma necessidade urgente, mas, pelo contrário, o resultado evolutivo de uma longa tradição de navegação no espaço. Talvez se desbloquem de estrela em estrela em missões de reconhecimento, em busca de mundos onde a vida esteja enraizada, para observar mais de perto propriedades emergentes de seres vivos que nem eles consigam prever.
(…) Olhemos em volta para a beleza do nosso planeta. Um dia, tudo o que vemos se vai render aos ciclos inexoráveis do nascimento, da destruição e do renascimento determinados pelas leis da Natureza. O Universo desenvolve coisas belas e depois esmaga-as para fazer outras com pedaços das anteriores. As estrelas de neutrões colidem, e depois espalham ouro pelo cosmos. Qualquer espécie que queira sobreviver por um período longo em qualquer mundo possível tem de aprender a deslocar-se entre planetas e por fim entre estrelas. “
in Cosmos: Mundos Possíveis (2020), Editora Gradiva
COSMOS: MUNDOS POSSÍVEIS – trailer
“Este livro impressionante, baseado na série televisiva Cosmos: Mundos Possíveis, da Fox e da National Geographic, mostra a notável capacidade de Ann Druyan de tornar as ideias cientificas compreensíveis e inspiradoras. Nestas páginas vívidas, aprendemos como a ciência e a civilização cresceram juntas e como iluminam o caminho para o nosso futuro. Do surgimento da vida na Terra, há cerca de quatro mil milhões de anos, a um futuro no qual naves interestelares multigeracionais navegam para outras partes da galáxia, visitando mundos ainda desconhecidos, Druyan explora onde estivemos e para onde vamos. Aqui encontra-se a história das ideias que moldam o futuro da ciência, com figuras conhecidas como Galileu e Drawin ao lado de heróis esquecidos como a astrónoma Caroline Herschel, o botânico Nikolai Vavilov e o engenheiro Yuri Kondratyuk. Mais emocionante é a visão redentora de Druyan do mundo possível que ainda podemos ter na Terra.
Usando fotografias e ilustrações memoráveis, Druyan narra a história do nosso Universo, desde o big bang, passando pela transformação da matéria em vida, pela transformaçao da matéria em vida, pela qual o cosmos se conhece. Relata descobertas importantes em toda a Galáxia, das missões Voyage em que ela e Carl Sagan, seu marido, participaram, até missões recentes, como a Cassini-Huygens, que forneceram novas ideias sobre Saturno e as suas luas.
Carl Sagan lembrou-nos que o nosso planeta é um ponto azul-claro num imenso universo de possibilidades. Agora, esta sequela deslumbrante recria este mundo que é um tesouro, habitado por uma forma de vida que começa a estar consciente das outras formas de consciência neste planeta, enquanto se aventura no vasto oceano do espaço.”
in Cosmos: Mundos Possíveis (2020), editora Gradiva
Cosmos: Mundos Possíveis - Ep 01
Cosmos: Mundos Possíveis é a continuação da emocionante odisseia que Carl Sagan e Ann Druyan começaram juntos. A editora Gradiva disponibiliza uma entrevista com Ann Druyan, a autora do livro.
Tem um asteróide com o seu nome, na órbita de um outro, com o nome do marido, o cientista Carl Sagan. A norte-americana Ann Druyan, que escreveu e co-produziu a série “Cosmos” é a convidada de abertura do Mês da Ciência e da Educação [Fundação Francisco Manuel dos Santos]. Nesta conferência, vai falar-nos do Cosmos e dos mundos possíveis dentro dele. Com comentários do físico Carlos Fiolhais e moderação de Vasco Trigo.
Conferência «Cosmos: Mundos possíveis», com Ann Druyan
“A ciência, tal como o amor, é um meio para alcançar a transcendência, a experiência de nos elevarmos à plenitude da vida. A abordagem científica da natureza e a minha compreensão do amor são semelhantes: o amor exige que vamos além das projecções infantis das nossas esperanças e medos pessoais, até sermos capazes de abranger a realidade do outro. Um amor destemido que não hesite em ir mais fundo, mais alto. É assim precisamente que a ciência ama a Natureza. Esta ausência de destino final, uma verdade absoluta, é o que faz da ciência o método certo de uma busca sagrada. É uma lição de humildade sem fim. A vastidão do Universo – e do amor, aquilo que torna essa vastidão suportável - está fora do alcance dos arrogantes. O cosmos só aceita de forma plena os que ouvem com atenção a voz íntima que lhes sussurra que podem não ter razão. A realidade tem de importar mais que aquilo em que queremos acreditar. Mas como distinguir a verdade dos nossos desejos?“
Ann Druyan, in Prólogo de Cosmos: Mundos Possíveis, (2020), editora Gradiva
Cosmos: Mundos Possíveis: Uma Escada Até Às Estrelas – um artigo de Carlos Fiolhais, no blogue De Rerum Natura.
“Ann Druyan foi diretora criativa do Voyager Interstellar Message Project da NASA e diretora do programa da primeira missão espacial a vela solar, lançada num míssil balístico intercontinental russo em 2005. Com Carl Sagan, seu falecido marido, foi coautora de Cosmos: Uma Viagem Pessoal, e de seis êxitos de vendas do New York Times. Foi a principal produtora executiva, diretora e coautora de Cosmos: Odisseia no Espaço, com que ganhou os prémios Peabody, Producers Guild e Emmy em 2014. Druyan é produtora executiva, escritora, diretora e criadora de Cosmos: Mundos Possíveis, transmitido pela primeira vez em 2020.”
In Wook
“Será possível conhecer o Universo?
Os nossos cérebros serão capazes de compreender o cosmos em toda a sua complexidade e esplendor? Ainda não sabemos a resposta a esta pergunta, porque para nós o cérebro continua a ser um mistério quase tão grande como o próprio Universo . Julga-se que o número de unidades de processamento dos nosso cérebros é o memo que o número de estrelas em mil galáxias – pelo menos cem biliões. No entanto, é possível que o número real seja dez vezes maior. “
in Cosmos: Mundos Possíveis (2020), editora Gradiva
Algumas das muitas citações presentes no livro Cosmos: Mundos Possíveis
“A filosofia terá conciência do amanhã, empenho no futuro, conhecimento da esperança, ou deixará de ter conhecimento.”
Ernest Bloch, O Princípio da Esperança
“Um livro deve ser machado para o mar gelado dentro de nós.”
F. Kafka, Carta a Oskar Pollak (1904)
“Chamo Flatland ao nosso mundo, não porque lhe chamemos isso, mas para tornar a sua natureza mais clara para si, feliz leitor, que tem o privilégio de viver no espaço.“
E. A. Abbott Faltland
“Não é exagero dizer que a poonta da radícula [a raiz] assim dotada [de sensibilidade], tendo o poder de dirigir os movimentos das partes que lhe estão ligadas, actua como o cérebro de um dos animais inferiores; o cérebro está situado na extremidade anterior do corpo, recebe impressões dos órgãos dos sentidos e dirige os vários movimentos.”
Charles e Francis Darwin, O Poder do movimentos nas Plantas
“Um mapa do mundo que não inclua Utopia não merece sequer que o olhemos, porque deixa de fora o país onde a humanidade está constantemente a desembarcar. Quando a humanidade aí desembarca, olha em volta, vê um páis melhor, e faz-se de novo ao mar.”
O. Wilde, A Alma do Homem sob o Socialismo
“A espécie humana é mais que nunca desafiada para mostrar a sua mestria, não sobre a Natureza mas sobre si mesma.”
Rachel Carson, Primavera Silenciosa
“Quando tornar a Primavera
Talvez j´não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma coisa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.“
Fernando Pessoa, Quando Tornar a vir a Primavera
Ann Druyan, viúva de Carl Sagan e colaboradora no livro Cosmos
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