Nós, os membros do EURead, em representação de 34 organismos estatais e não governamentais de 23 países do continente, apelamos aos líderes europeus, ao nível regional, nacional e supranacional, para que reconheçam o papel fundamental que a leitura desempenha no desenvolvimento de cada cidadão e no funcionamento de uma economia próspera, bem como o seu contributo para a garantia do funcionamento das democracias modernas.
Apelamos especificamente ao reconhecimento dos seguintes princípios e à adoção de medidas que os respeitem.
1. A leitura é essencial para o desenvolvimento pessoal e um direito humano fundamental
Está amplamente comprovado que ler regularmente por prazer melhora a saúde mental e o bem-estar, tem uma correlação com o desempenho ao longo do currículo, melhora a mobilidade social e fomenta a participação na sociedade. O PISA define o ato de ler como “compreender, utilizar, refletir sobre e interagir com textos escritos para atingir os objetivos de cada um, desenvolver os seus conhecimentos e potencialidades e participar na sociedade”. Devido ao seu impacto generalizado na vida das pessoas, aprender a ler e gostar de ler são direitos fundamentais.
2. A leitura está na base do funcionamento da nossa sociedade em muitas dimensões e, como tal, é uma preocupação de todos.
Ter cidadãos que sabem ler o melhor possível pode conduzir a um avanço no desempenho económico, à obtenção de melhores resultados no domínio da saúde, a um reforço da mobilidade social e da coesão social. Garantir que os cidadãos da Europa sejam leitores regulares é uma questão que preocupa uma grande variedade de intervenientes estatais e não estatais fora dos limites dos sectores da educação e da cultura. Isto inclui organizações ativas no mundo empresarial e comercial, nos sectores da saúde e do desenvolvimento regional, entre outros.
3. Ter cidadãos que sabem ler criticamente é essencial se quisermos proteger as nossas democracias.
Numa era de desinformação, a capacidade de interpretar a informação e avaliar a credibilidade do que é dito é essencial para o funcionamento das democracias modernas. A promoção de níveis elevados de literacia crítica deve ser uma prioridade para os governos e, para os membros da UE, deve fazer parte do pacote “Defesa da Democracia”.
4. A leitura deve fazer parte da vida familiar desde os primeiros dias da criança e os governos devem continuar a investir em programas de oferta de livros nos primeiros anos de vida.
Existem provas científicas generalizadas da importância dos primeiros 1000 dias para o desenvolvimento da criança e do papel fundamental que a leitura com crianças pequenas pode desempenhar na aquisição da linguagem e na ligação afetiva com os pais ou prestadores de cuidados. Sabemos que as crianças a quem se lê quando são pequenas têm maior probabilidade de vir a ler mais tarde. Acreditamos que nenhuma criança deve perder a oportunidade que isto representa e que os governos devem investir mais em programas certificados de oferta de livros. Os programas de oferta de livros devem fazer parte da Garantia Europeia para a Infância.
5. O acesso a uma vasta gama de livros, por exemplo através de jardins de infância, bibliotecas escolares e bibliotecas comunitárias, com bibliotecários qualificados, é essencial para fomentar o gosto pela leitura e necessita de apoio financeiro.
Todos os cidadãos dos países europeus deveriam, desde o seu nascimento, beneficiar do acesso a materiais de leitura diversificados, de todos os géneros e em diferentes formatos, uma vez que tal contribui para a aquisição e manutenção de hábitos de leitura regulares. A existência de bibliotecas escolares e comunitárias, dotadas de profissionais que podem ajudar as pessoas a descobrir livros de que possam gostar, é uma parte essencial da nossa infraestrutura de leitura.
6. A promoção da leitura por um vasto leque de atores precisa de ser apoiada.
As pessoas precisam de ser incentivadas a ler, e isto é particularmente verdadeiro para aqueles que têm mais a ganhar com a leitura regular. Os programas de promoção da leitura que recorrem aos conhecimentos especializados do Estado e das ONG, bem como ao capital intelectual dos autores, ilustradores, editores e livreiros, exigem um investimento sustentado ao longo do tempo, a fim de produzir mudanças de comportamento. Embora estes intervenientes possam liderar a atividade promocional, é da responsabilidade de todos os elementos da sociedade promover a leitura enquanto algo que é altamente valorizado.
Membros do EURead
Anne Çocuk Eğitim Vakfı, ACEV, Asociación Artística Sociocultural Mestiza Bonniers, Familjestiftelse, BookTrust, Buchklub der Jugend, Children’s Books Ireland, Detski Knigi Foundation, Diavazontas Megalono, Federation of European Publishers, Foreningen !les, Good Books, Hungarian Reading Association, Idereen Leest Flanders, Kitabistan, Libranda, LitCam, Lubimyczytać.pl, Lukukeskus Läscentrum Martynas, Mažvydas National Library, Medienzentrum DG, Nati per leegere, National Literacy Agency, Nationalt Videncenter for Læsning, Österreichisches Bibliothekswerk, Österreichischer Buchklub der Jugend, Plano Nacional de Leitura, Reading Foundation (Chetene) – Bulgaria, Schweizerisches Institut für Kinder- und Jugendmedien, Scottish Book Trust, Stichting Lezen, Stiftung Lesen, Svet Knihy, The Polish Book Institute, Turkish Publishers, Universal Reading Foundation Poland, Was steht da?