Quem lê o quê?

É uma narrativa exigente que implica uma competência de leitura avançada. A história é contada em dois tempos, o da infância e o da adolescência. No primeiro a protagonista mostra - nos a sua interpretação inocente, fantasiosa, emotiva e desconcertada da viagem que faz com o pai. No segundo a narradora oferece ao leitor o contexto familiar que o crescimento e a memória permitem agora reconstruir. É uma viagem iniciática e poderosa. Quem goste de fantástico saiba que neste texto só o encontra na poesia dos símbolos, quem goste de dramas saiba que nada é óbvio e a dor não se revela de uma assentada, vai sendo mastigada às vezes sem se dar conta. À medida que a diegese avança pressente-se um climax trágico por um lado, e uma catarse por outro. A ilustração com o azul em destaque transporta o leitor para o elemento água que purifica e dá vida. Contra a morte. Nesta história sobre o sonho e o amor é a vida que se transforma em tudo o que não queremos. Apesar disso, do desemprego, do pessimismo, da revolta e angústia do dia a dia, há nomes de código que ultrapassam o lado mais imediato da realidade. Estes nomes de cada um dos elementos da família revelam uma dimensão muito maior de cada um, para além das suas manifestações imediatas perante uma crise que faz desabar uma família até então feliz.

Palavras-chave
Família, perda da inocência, memória, viagem, transformação

Outras leituras
De sete em sete, Holly Goldberg Sloan, Booksmile
Supergigante, Ana Pessoa, Planeta Tangerina
Noite estrelada, Jimmy Liao, Kalandraka

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