Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana que tem vindo a destacar-se no mundo literatura, sobretudo pelos temas eleitos.
Nasceu em Enugu, no dia 15 de setembro de 1977.
Aos 16 anos, deixou a Nigéria e viajou até aos Estados Unidos onde foi estudar Comunicação na Drexel University, em Philadelphia, mas foi em Eastern Connecticut State University que se licenciou em Comunicação e Ciência Política. Mais tarde fez um mestrado em escrita criativa na Johns Hopkins University, em Baltimore, e estudou História Africana na Yale University.
Chimamanda Ngozi Adichie é atualmente uma das maiores vozes da literatura africana, tendo as suas obras já sido traduzidas para mais de trinta idiomas.
Para conhecer mais detalhes sobre a vida e obra da escritora acede à sua página pessoal.
Os contos, da autora nigeriana, apareceram em diversas publicações e receberam inúmeros galardões como o da BBC Short Story Competition em 2002 e o O. Henry Short Story Prize em 2003. Recebeu os seguintes Prémios:
Em 2008, Chimamanda foi distinguida com um Future Award na categoria de Jovem do Ano e recebeu uma bolsa da MacArthur Foundation Fellowship.
We should all be feminists | Chimamanda Ngozi Adichie | TEDxEuston
Em 2012 sua apresentação We Should All Be Feminists começou a ser conhecida, um pouco por todo o mundo, e originou um livro, publicado em 2014.
A primeira parte é uma adaptação do seu discurso numa conferência TED e a segunda parte tem um pequeno conto intitulado "Casamenteiros".
“Em 2003, escrevi um romance chamado A cor do Hibisco, sobre um homem que, entre outras coisas, batia na mulher, e a sua história não acaba lá muito bem. Enquanto eu divulgava o livro na Nigéria, um jornalista, um homem bem-intencionado, veio dar-me um conselho (talvez vocês saibam que os Nigerianos estão sempre prontos a dar conselhos, mesmo que ninguém os tenha pedido).
Ele comentou que as pessoas andavam a dizer que o meu livro era feminista. O seu conselho – disse, abanando a cabeça com um ar consternado – era que eu nunca, nunca me definisse como feminista, já que as feministas são mulheres infelizes que não conseguem arranjar marido.
Então decidi autointitular-me de «feminista feliz».
Mais tarde, uma professora universitária nigeriana veio dizer-me que o feminismo não fazia parte da nossa cultura, que era antiafricano, e que, se eu me considerava feminista, era porque havia sido corrompida pelos livros ocidentais (o que achei engraçado, porque passei boa parte da juventude a devorar romances que eram tudo menos feministas: devo ter lido toda a coleção da Mills & Boon antes dos dezasseis anos. E sempre que tentava ler os tais textos clássicos sobre o feminismo, ficava entediada e mal conseguia terminar).
De qualquer forma, já que o feminismo era antiafricano, resolvi considerar-me uma «feminista feliz africana». Depois, uma grande amiga disse-me que, se eu era feminista, então devia odiar os homens. Decidi tornar-me então uma «feminista feliz africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e saltos altos para si mesma, e não para os homens.»
É claro que não estou a falar a sério, queria ilustrar apenas o quão negativa é a carga da palavra feminista: a feminista odeia os homens, odeia sutiãs, odeia a cultura africana, acha que as mulheres devem mandar nos homens; ela não se pinta, não se depila, está sempre zangada, não tem sentido de humor, não usa desodorizante.”
Todos Devemos Ser Feministas - apresenta-se numa edição ilustrada e adaptada ao público mais jovem.
Livro recomendado pelo PNL.
“Como condicionamos as meninas a aspirarem ao casamento e não condicionamos os rapazes a aspirarem ao casamento existe logo à partida um terrível desequilíbrio. As meninas crescerão e tornar-se-ão mulheres preocupadas com a ideia do casamento. Os rapazes crescerão e tornar-se-ão homens que não se preocupam com a ideia do casamento. As mulheres casam com esses homens, A relação é automaticamente desigual, porque a instituição tem mais importância para um elemento do casal do que para outro.”
“Ensina a tua filha a rejeitar o desejo de agradar. O dever dela não é tornar-se alguém de quem gosta, o seu dever é ser uma pessoa em pleno, uma pessoa que é honesta e tem consciência da humanidade igual das outras pessoas.”
“Informa-a sobre a diferença. Torna a diferença comum. Torna a diferença normal. Ensina-a não atribuir valor à diferença. E a razão para o fazeres não é para ser justa ou bondosa, mas meramente para ser humana e prática. Porque a diferença é a realidade do nosso mundo. E informando-a sobre a diferença estarás a prepará-la para sobreviver num mundo de diversidade.”
Americanah é um dos maiores sucesso editoriais de Chimamanda Ngozi Adichie.
“Ainda adolescentes, Ifemelu e Obinze apaixonam-se. A Nigéria vive dias sombrios sob o jugo de uma ditadura militar e quem pode abandonar o país fá-lo rapidamente.
Ifemelu, bela e ousada, vai estudar para os Estados Unidos. Para trás, deixa o país, a família e Obinze, a quem chama Teto, um nome que testemunha uma intimidade absoluta e irrepetível.
Obinze, introvertido e meigo, planeava juntar-se-lhe, mas a América do pós-11 de setembro fecha-lhe as portas. Sem nada a perder, ele arrisca uma vida como imigrante ilegal em Londres.
Anos mais tarde, na recém-formada democracia nigeriana, Obinze é um homem rico e poderoso. Nos Estados Unidos, Ifemelu também vingou: é autora de um blogue de culto. Mas há algo que nem a América nem o tempo conseguem apagar. E quando decide regressar à Nigéria, Ifemelu terá de reinventar uma linguagem comum com Obinze e encontrar o seu lugar num país muito diferente do que guardou na memória.
Nome maior da literatura contemporânea, Chimamanda Ngozi Adichie disseca conceitos fundamentais tais como identidade, nacionalidade, raça, diferença, solidão e amor. Americanah parte de uma história de amor para construir um romance de ideias tão universal quanto implacável. Uma incontestada obra-prima. “
Chimamanda Ngozi Adichie - Americanah
Meio Sol Amarelo nos conta a história da Guerra Civil da Nigéria ocorrida entre 1967 e 1970.
“Com a elegância e o talento a que já nos habituou, Chimamanda Ngozi Adichie cruza um momento determinante na história moderna de África com as vidas de cinco personagens inesquecíveis.
A breve vida do Biafra enquadra o crescimento de Ugwu, um humilde criado de treze anos a quem o mundo se desvendará pela mão do seu senhor, Odenigbo, que, na intimidade da sua casa, planeia uma revolução. Este jovem professor universitário mantém uma relação apaixonada com a bela Olanna, cuja irmã gémea, Kainene, é alvo do amor desesperado de Richard, um jovem inglês a braços com sua identidade enquanto homem branco em África.
Todos eles vão ser forçados a tomar decisões definitivas sobre amor e responsabilidade, passado e presente, nação e família, lealdade e traição.
Todos eles vão assistir ao desmoronar da realidade tal como a conheciam devido a uma guerra que tudo transformará irremediavelmente.”
in Almedina
Em 2013, o livro Meio Sol Amarelo foi adaptado ao cinema.
O romance Meio Sol Amarelo venceu o Women's Prize for Fiction em 2007. Eleito pelo público o melhor de todos os vencedores em 25 anos de existência deste prémio literário. Leia o artigo completo em Cultura ao Minuto.
O primeiro romance da autora foi publicado em 2003.
“Quando entrei na sala, a Tia Ifeoma estava à mesa a dissolver umas colheres de leite em pó num jarro de água fria.
- Se deixar que os miúdos se sirvam eles próprios, o leite não dura uma semana – explicou, levando a lata de leite em pó Carnation de volta para a segurança do seu quarto.
Esperava que a Amaka não me perguntasse se a minha mãe fazia o mesmo, porque de certeza que eu ia começar a gaguejar se tivesse de lhe dizer que, em casa, tínhamos leite cremosos Peak de sobra. O pequeno-almoço foi okpa, que o Obiora fora a correr comprar algures ali perto. Eu nunca tinha comido okpa como refeição, só como lanche, quando às vezes comprávamos os croquetes de feijão-frade e óleo de palma cozidos a vapor, a caminho de Abba. Observei a Amaka e a Tia Ifeoma a cortarem os croquetes amarelos e húmidos e imitei-as. A Tia Ifeoma disse-nos para nos despacharmos.“
“No dia 10 de junho de 2020, na Nigéria, o académico James Nwoye Adichie morreu subitamente.
Chimamanda Ngozi Adichie, sua filha, partilha connosco os efeitos devastadores que esta morte teve em si. Tece na sua própria experiência os fios da história da vida do pai até aos seus últimos dias, já em confinamento, em que conversava com os filhos e os netos por videochamada.
Notas sobre o Luto é um tributo a uma vida vivida em pleno. É a história do amor imenso de uma filha por um pai. Ao falar-nos sobre uma das experiências humanas mais universais, é um livro sobre aquilo que nos une a todos.“
A luta das mulheres pela sua identidade.
“Chimamanda Ngozi Adichie regressa com doze histórias protagonizadas por heroínas memoráveis. Divididas entre dois continentes - África e América, estas mulheres lutam por um lugar e uma identidade no mundo moderno, mas também pela preservação dos valores da sua cultura de origem. Quer vivam no inferno de um país como a Nigéria ou num subúrbio aparentemente calmo dos Estados Unidos, elas não têm uma vida fácil. As ameaças que enfrentam podem ter origem na guerrilha ou no funcionamento de um forno microondas mas os seus dilemas contêm toda a história de um continente. “
in Wook
Chimamanda Adichie: O perigo da história única
“Can people please stop telling me feminism is hot? “- Um artigo a ler no The Guardian.
“Não estava em meus planos ser um ícone feminista” - Um artigo no jornal El País, do Brasil.