“Desde a minha infância, e durante muitos anos, sempre tive num cantinho da cabeça a ideia que existia, algures nas ruas de Istambul, outro Orhan que era igual a mim, meu gémeo, ou mesmo meu duplo. Não consigo recordar-me donde me veio nem como nasceu esta impressão. Teria acabado por me surgir, certamente, na sequência de um longo período entretecido de mal-entendidos, de coincidências, de jogos e de angústias.”
Istambul - Memórias de Uma Cidade (Presença, 2016 – reedição), escrito por Orhan Pamuk, guia o leitor num passeio pela cidade e pelas muitas personagens da sua família, quer através das palavras quer pelas belíssimas e melancólicas fotografias a preto e branco com que Pamuk ilustra a narrativa. Numa espécie de romance ficamos a conhecer a cidade, que se situa entre o Ocidente e o Oriente, e também os seus mistérios.
Orhan Pamuk - Identidade
Orhan Pamuk nasceu na Turquia, Istambul, em 1952. Jovem ainda, decidiu dedicar-se à escrita.
As suas obras encontram-se traduzidas em mais de 50 países e já foi galardoado com diversos e importantes prémios internacionais. O Nobel da Literatura com que foi distinguido em 2006, veio justamente reconhecer a universalidade da sua escrita.
Ouça aqui o discurso Orhan Pamuk, na cerimónia de entrega do Prémio Nobel.
“As cores vivas das ruas que no-la tornam familiar apagam-se de repente, e compreendendo nesse instante que essa multidão ainda há pouco misteriosa nada mais faz do que caminhar desesperada, desde há séculos, pelos passeios. (…) A insalubridade das ruelas e o cheiro nauseambundo dos caixotes do lixo abertos, os eternos buracos nos passeios, as subidas, as descidas, a desordem, a confusão, a algazarra que fazem com que Istambul seja Istambul, dão-me a sensação de que há qualquer coisa de insuficiente, de malévolo, de incompleto na minha alma e na minha vida, mais do que na cidade. É como se Istambul se tornasse o destino que mereço.“
Uma voz de Istambul
“Na minha infância interessava-me muito pouco por Bizâncio, como, de resto, a maioria dos turcos de Istambul. O nome de Bizâncio evocava-me nessa época as barbas e as roupas assustadoras dos padres ortodoxos, os arcos bizantinos espelhados pela cidade, as velhas igrejas de tijolo vermelho e Santa Sofia. Aliás, tudo isso era tão antigo que passávamos bem sem o conhcer.“
Orhan Pamuk – Romance para inventar e mudar o mundo
Deborah Treisman, editora de fição, entrevista Salman Rushdie e Orhan Pamuk - The New Yorker Festival
Em 2014, Orhan Pamuk foi um dos oradores convidados para o III EncontroPresente no Futuro que se realizou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O Prémio Nobel da Literatura de 2006 confessou que sentiu na pele a falta de liberdade.
“Desde a minha infância, e durante muitos anos, sempre tive num cantinho da cabeça a ideia que existia, algures nas ruas de Istambul, outro Orhan que era igual a mim, meu gémeo, ou mesmo meu duplo. Não consigo recordar-me donde me veio nem como nasceu esta impressão. Teria acabado por me surgir, certamente, na sequência de um longo período entretecido de mal-entendidos, de coincidências, de jogos e de angústias.”
Istambul - Memórias de Uma Cidade (Presença, 2016 – reedição), escrito por Orhan Pamuk, guia o leitor num passeio pela cidade e pelas muitas personagens da sua família, quer através das palavras quer pelas belíssimas e melancólicas fotografias a preto e branco com que Pamuk ilustra a narrativa. Numa espécie de romance ficamos a conhecer a cidade, que se situa entre o Ocidente e o Oriente, e também os seus mistérios.
Orhan Pamuk - Identidade
Orhan Pamuk nasceu na Turquia, Istambul, em 1952. Jovem ainda, decidiu dedicar-se à escrita.
As suas obras encontram-se traduzidas em mais de 50 países e já foi galardoado com diversos e importantes prémios internacionais. O Nobel da Literatura com que foi distinguido em 2006, veio justamente reconhecer a universalidade da sua escrita.
Ouça aqui o discurso Orhan Pamuk, na cerimónia de entrega do Prémio Nobel.
“As cores vivas das ruas que no-la tornam familiar apagam-se de repente, e compreendendo nesse instante que essa multidão ainda há pouco misteriosa nada mais faz do que caminhar desesperada, desde há séculos, pelos passeios. (…) A insalubridade das ruelas e o cheiro nauseambundo dos caixotes do lixo abertos, os eternos buracos nos passeios, as subidas, as descidas, a desordem, a confusão, a algazarra que fazem com que Istambul seja Istambul, dão-me a sensação de que há qualquer coisa de insuficiente, de malévolo, de incompleto na minha alma e na minha vida, mais do que na cidade. É como se Istambul se tornasse o destino que mereço.“
Uma voz de Istambul
“Na minha infância interessava-me muito pouco por Bizâncio, como, de resto, a maioria dos turcos de Istambul. O nome de Bizâncio evocava-me nessa época as barbas e as roupas assustadoras dos padres ortodoxos, os arcos bizantinos espelhados pela cidade, as velhas igrejas de tijolo vermelho e Santa Sofia. Aliás, tudo isso era tão antigo que passávamos bem sem o conhcer.“
Orhan Pamuk – Romance para inventar e mudar o mundo
Deborah Treisman, editora de fição, entrevista Salman Rushdie e Orhan Pamuk - The New Yorker Festival
Em 2014, Orhan Pamuk foi um dos oradores convidados para o III EncontroPresente no Futuro que se realizou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O Prémio Nobel da Literatura de 2006 confessou que sentiu na pele a falta de liberdade.