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Título: Uma escuridão bonita Autor: Ondjaki Ilustrador: António Jorge Gonçalves Editor: António Jorge Gonçalves
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Quem lê o quê?
Ser uma história de encantamento amoroso não chega para cativar leitores. Assim que se iniciarem na leitura logo terão contacto com o discurso poético do escritor angolano, cheio de metáforas, neologismos, repetições e ecos. A sedução entre dois adolescentes acontece numa varanda escurecida pela falta de luz. A escuridão torna-se assim motivo e personagem na narração do rapaz. O subtil contacto físico, as perguntas retóricas e as respostas contraditórias, a partilha e a invenção de episódios do passado são os principais eixos da conversa íntima, quase secreta, entre os dois. Mas, quer pela própria escrita de Ondjaki, que valoriza o sentido oralizante do discurso, quer pelo momento apresentado, o facto é que o leitor precisa de saber respeitar a respiração deste texto com os seus silêncios pausados e hesitações. A ilustração e o design casam com o texto através do azul muito escuro do fundo de todas as páginas com imagens de silhuetas, luzes, fumo, estrelas, flores, animais e outros elementos sempre difusos. A sugestão provocada pela imagem reforça o ambiente enigmático deste jogo jogado só a dois e que forçosamente nos deixa apenas espreitar, supor, recordar ou desejar.
Palavras-chave
Sedução, poesia, adolescência, ilustração, literatura africana
Outras leituras
Os da minha rua, Ondjaki, Caminho
A minha casa não tem dentro, António Jorge Gonçalves, Abysmo
O regresso, Natalia Chernisheva, Bruaá