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Sobre a Tradução
Sobre a Tradução
Paul Ricoeur

ISBN: 978-972-795-138-3

Edição: 2005

Editor: Cotovia

N.º de páginas: 70

Sobre a Tradução, um livro de Paul Ricoeur (1913-2005), reúne três textos sobre o trabalho da tradução – “Desafio e prazer da tradução”, “O paradigma da tradução” e “Uma ‘passagem’: Traduzir o intraduzível”. Ao longo das páginas deste livro, o leitor acompanha uma excelente reflexão sobre os problemas inerentes ao ato de traduzir, assim como a tentativa, por parte de Ricoeur, de se libertar do dilema imposto por esta arte: se, por um lado, teoricamente, a tradução é impossível, por outro, assistimos à sua prática. Ricoeurpretende acabar com esta máxima prejudicial à tradução, propondo que a tradução [seja] encarada como a criação de uma ‘equivalência sem identidade’. Permite-nos, deste modo, compreender a necessidade de voltar constantemente a traduzir os textos que cada época tenta transformar em ‘clássicos’”.

Ao longo do livro, o leitor percorre as palavras e pensamentos de Ricoeur, mas também as de George Steiner, Walter Benjamin, Antoine Berman, autores que também pensaram a tradução. Em conjunto, encontramos reflexões e respostas, ou pelo menos tentativas, a algumas questões hermenêuticas: Qual a tarefa do tradutor?  A tradução será perfeita? Haverá prazer no ato de traduzir? Existirá verdadeiramente o desejo de traduzir? Haverá lugar para o intraduzível? Os problemas inerentes ao ato de traduzir serão problemas de ordem formal e teórica? Ou apenas intelectual? Estaremos perante questões éticas? O ato de traduzir será uma traição à “hospitalidade linguística”? Se o tradutor desempenha a tarefa de “conduzir o leitor ao autor” e “conduzir o autor ao leitor”, correrá o risco de servir e trair dois amos?  

O ato de traduzir está intimamente relacionado com o estrangeiro, tal como pensou A. Berman, isto é, o tradutor assume o papel de mediador, uma vez que conduz o leitor ao autor e vice-versa, facilitando o encontro, o prazer da leitura. Segundo Ricoeur, esta mediação poderá ser confrontada com o fantasma teórico da intraduzibilidade face à pluralidade e diversidade das línguas, as questões inerentes à intertextualidade e ainda a presença de algum etnocentrismo linguístico e exigências de hegemonia cultural. Assim, falar-se-á em mediação imperfeita e em busca incessante da tradução perfeita. Será que alguma vez se conseguirá atingi-la? A ideia de Ricoeur aproxima o trabalho de tradução do trabalho de memória e de luto, tal como foram evocados por Freud.

Ricoeur esclarece que o “prazer de traduzir é um ganho quando, associado à perda do absoluto linguístico, aceita a diferença entre a adequação e a equivalência, a equivalência sem adequação. É aí que reside o seu prazer. Confessando e assumindo a irredutibilidade do próprio e do estrangeiro, o tradutor é recompensado pelo reconhecimento do estatuto intransponível de dialogicidade do ato de traduzir como horizonte racional do desejo de traduzir.”

Este é um livro que interessa a linguistas, filósofos, tradutores, escritores, professores e a todos os que gostam de palavras e de ler literatura, ou outros textos, traduzidos. Na ausência desta arte, muitos ficariam privados de aceder aos textos de Petrarca e Dante, Goethe e Schiller, Tolstói e Dostoiévski, entre muitos outros.

 

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