ÍRIS E O OLHO
Íris era uma menina que não conseguia ver e tinha ainda uma condição muito especial: não conseguia sentir calor, apenas sentia a dor quando se queimava. Para a ajudar, a sua mãe, uma cientista que cuidava sozinha da sua filha, decidiu criar um olho que avisasse quando Íris se aproximasse de algo que a pudesse queimar.
No dia dos filhos no trabalho, o olho finalmente ficou pronto, e a mãe de Íris decidiu que apenas iria dar o olho à filha, sem lhe explicar o seu processo de construção, apenas referindo que o mesmo servia para a ajudar com o seu problema de temperaturas. Íris recebeu o olho no fim desse mesmo dia, não fez perguntas e brincou com ele enquanto esperava pelo regresso da sua mãe para voltarem para casa. Quando chegaram a casa, Íris decidiu brincar na cozinha, onde a sua mãe a poderia vigiar, antes do jantar estar pronto. Mas nessa altura, a mãe lembrou-se de que tinha deixado as compras, feitas anteriormente no mercado ao fundo da rua, à entrada da casa e foi a correr buscá-las.
Enquanto a mãe foi buscar as compras, Íris, sem o saber, aproximou-se demasiado do fogão e, quando estava prestes a queimar-se, ouviu uma voz familiar, mas aflita: "CUIDADO ÍRIS, VAIS QUEIMAR-TE!".
A menina afastou-se do fogão rapidamente e perguntou:
"Quem falou?"
Recebeu uma resposta muito estranha, dada naquela voz que a tinha avisado:
"Não sei".
Íris ficou confusa:
"Como é que não sabes? "
Então a voz tentou explicar-se melhor:
"Só sei que sou um olho. A primeira coisa de que me lembro é de estar tudo escuro, depois vi várias pessoas à minha volta, todas vestidas de branco, apaguei outra vez e quando voltei a acordar senti que devia avisar-te de que te ias queimar" "Então não tens nome, coitado! Posso dar-te um?", perguntou Íris, feliz por ter um novo amigo, "Claro que podes", respondeu o olho.
"E que tal Olhosvaldo?" sugeriu a menina.
"Porquê esse nome?" perguntou o olho curioso, “Até lhe acho piada, não penses que não gosto, mas ainda ficava a gostar mais se soubesse onde o foste buscar…”
"Porque és um olho e o meu pai chamava-se Osvaldo. Tenho saudades dele. Ele saiu um dia, foi comprar leite, mas nunca mais voltou" disse Íris com um ar triste.
Entretanto a mãe de Iris já estava na cozinha havia algum tempo, e, ao princípio, achou estranho ver a filha a falar sozinha, mas lembrou-se do olho e calculou que a filha já teria interagido com ele, por isso achou que era uma boa ideia falar com ela sobre o olho.
"Íris, já fizeste um novo amigo?" perguntou a mãe com uma voz gentil.
"Sim mãe! Este é o Olhosvaldo e é muito simpático: ele ajudou-me com o meu problema" respondeu Íris com uma voz entusiasmada.
"Fui eu que o fiz, criei-o para te ajudar” disse a mãe de Íris.
“Isso eu já tinha percebido, mãe” respondeu Íris.
“Mas sabias que esse olho é o teu pai?” perguntou a mãe de Íris com um sorriso na cara.
Íris e Olhosvaldo ficaram surpreendidos, mas sorriram.
“Agora posso passar o resto da minha vida com o meu pai!”, disse Íris muito contente, e depois acordou.
Afinal, tinha sido um sonho, pelo menos em parte, porque quando Íris tocou na mesa de cabeceira, sentiu o olho, mas lembrou-se que o seu pai estava bem quando sentiu o seu braço a descansar por cima dela.
O pai tinha-se deixado dormir enquanto lhe lia uma história, mas o olho era verdadeiro, funcionava, só que era novamente apenas um objeto inanimado que a avisava quando se aproximava de alguma coisa muito quente que a pudesse queimar. Com aquele amigo a vida de Íris tornou-se mais fácil e todos viveram felizes para sempre.
FIM
Autores: Beatriz Caineta, Cristiana Marques, José Santos, Tiago Henriques
Alunos do 12.º ano - GPSI- Profissional Informática