“O que vemos quando lemos? Tolstoi chegou a descrever Anna Karénina? Herman Melville alguma vez nos revelou a aparência exata de Ismael?
O conjunto de imagens fragmentadas numa página — uma orelha elegante ali, uma madeixa rebelde acolá, um chapéu posicionado de determinada maneira — e outras pistas e significantes ajudam-nos a imaginar uma personagem. Mas, na verdade, a sensação de conhecermos intimamente uma personagem tem pouco que ver com a nossa capacidade de imaginarmos as figuras literárias que amamos (ou odiamos).
O Que Vemos Quando Lemos é uma exploração singular e deslumbrante da fenomenologia da leitura, mostrando-nos como formamos imagens a partir da leitura de obras literárias, e como essas interpretações transformam a própria obra.
Peter Mendelsund, um dos mais conceituados designers editoriais contemporâneos, combina uma carreira artística premiada com a sua primeira paixão, a literatura, num dos mais provocadores e invulgares exercícios acerca da forma como compreendemos o ato de ler.”
in O Que Vemos Quando Lemos (2015), editora Elsinore
“É diretor de arte associado da Alfred A. Knopf, uma das mais conceituadas editoras norte-americanas, e pianista clássico em recuperação. O seu trabalho foi reconhecido pelo Wall Street Journal como produzindo «as capas de livros mais icónicas e imediatamente reconhecíveis da ficção contemporânea». Vive em Nova Iorque.“
in O Que Vemos Quando Lemos (2015), editora Elsinore
Conheça a página pessoal de Peter Mendelsund.
What We See When We Read | Detalhes da Edição
“O que vemos quando lemos? (Além de palavras numa página.) O que imaginamos nas nossas mentes?“
“A história da leitura é uma história recordada. Quando lemos, estamos imersos. E, quanto mais imersos estamos, menos capacidade temos, no momento, de voltar a atenção das nossas mentes analíticas para a experiência em que estamos absorvidos. Deste modo, na verdade, quando discutimos a sensação de ler, é da memória de termos lido que estamos a falar.
E esta memória é uma memória falsa.
(…)
Quando recordamos a experiência de ler um livro, imaginamos um desdobrar contínuo de imagens.“
“Questiono os leitores. Pergunto-lhes se conseguem imaginar com clareza as suas personagens preferidas. Para estes leitores, a uma personagem querida « a imaginação dá corpo», parafraseando William Shakespeare.“
“Rumo ao Farol [de Virginia Woolf] é um romance exemplar pela descrição minuciosa da experiência sensorial e psicológica, entre outros méritos. Mais do que personagens, o local e o enredo, a matéria-prima do livro são os dados sensoriais.
O livro começa assim:
- Sim, claro, se amanhã estiver bom - disse Mrs Ramsay […].
Imagino estas palavras a ecoarem num vazio. Quem é a senhora Ramsay? Onde é que ela está? Ela está a falar com alguém. Duas pessoas sem rosto num vazio: incipientes e não formadas.
À medida que lemos, a senhora Ramsy torna-se uma colagem, composta por recortes, como os do livro do seu filho James.“
“Estou a ler a Ilíada e reparo (nesta altura: sem surpresa) que Homero dota a personagem Aquiles de muito poucas características físicas. Muito do que sei de Aquiles da minha leitura é extrapolado.
Felizmente ( a não ser que eu tenha tomado Aquiles por outra personagem, por exemplo, Pátrocolo …) . Aquiles traz um epíteto associado. Aquiles tem «pés velozes».“
Descubra as magníficas capas de livros desenhadas por Peter Mendelsund.
O blog LerBD apresenta uma breve recensão sobre o livro O Que Vemos Quando Lemos.
Outro livro de Peter Mendelsund:
Capas de livros desenhadas por Peter Mendelsund:
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