Ilustrador: Sam Messer
ISBN: 972-41-4734-7
Edição: julho de 2006
Editor: Asa
N.º de páginas: 70
Há objetos inesquecíveis. Significativos.
Há objetos velhos que têm um valor incalculável, uma carga emotiva forte.
Há objetos que são marcos nas nossas vidas.
A História da Minha Máquina de Escrever é a história intensa, comovente, sensível de um objeto. Não de um objeto vulgar ou de uso frequente, pelo menos para a maioria das pessoas.
Esta história conta a relação entre o escritor, Paul Auster, e a sua máquina de escrever, Olympia. A velha máquina de escrever foi adquirida a Sam, seu amigo dos tempos de universidade, que já não lhe dava uso. A ligação entre o escritor e a máquina de escrever ultrapassa a relação utilitária e empática, transformando-se numa verdadeira paixão.
As palavras que habitam nos romances, contos e outros textos da autoria de um dos mais emblemáticos escritores norte-americanos foram datilografadas na velha Olympia. Paul Auster, em tom intimista, confessou que “Um ano passou, dez anos passaram, e nem por uma só vez lhe ocorreu que pudesse ser estranho ou mesmo vagamente incomum trabalhar com uma máquina de escrever manual” e foi, assim, rejeitando as vantagens de uma hipotética aquisição de uma máquina de escrever elétrica ou, anos mais tarde, da possibilidade de trocar Olympia por um computador. Com o passar do tempo, a velha Olympia tornava-se “uma espécie em perigo, um dos últimos artefactos sobreviventes do homo scriptorus do século XX” e os benefícios da inovação tecnológica não eram suficientemente fortes para justificarem uma mudança de atitude. Pelo contrário, a relação entre Paul Auster e Olympia era cada vez mais forte. Uma admiração infinita. Verdadeira companheira de escrita, de viagens, de vida. Um objeto com alma, com uma personalidade forte, com múltiplos significados e segredos. Grande é o seu amor por Olympia!
Numa das visitas à casa do escritor, o seu amigo Sam olhou, com carinho, para o objeto que, em tempos, lhe tinha vendido. As visitas repetiram-se. Em cada visita os olhares, as conversas em silêncio originaram “uma nova onda de pinturas, desenhos e fotografias”. Algo perturbador aconteceu. Sam “transformou um objeto inanimado num ser com personalidade e uma presença no mundo.” Olympia tornou-se numa verdadeira figura heroica. Sam obrigou Paul Auster a observar a sua velha máquina de escrever com um novo olhar. A paixão incendiou-se ao ver as pinturas que retratavam a velha Olympia. Completamente desnuda, mas simultaneamente robusta, firme, vigorosa, obsessiva, eis como Olympia se apresenta pelos olhos do pintor Sam Messer em ilustrações que o leitor pode apreciar entre as páginas deste pequeno conto.
No final, o escritor revela que esta 'criatura' nunca o desiludiu e que continua e continuará na sua vida. Afinal, há objetos singulares, ímpares.